“Iemanjá é conhecida por todos, é cantada e festejada. Até mesmo os seguidores de outras religiões falam de seus poderes. Iemanjá é a grande mãe africana do Brasil” Armando Vallado.
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“O culto de Iemanjá foi trazido para o Brasil pelos povos de origem iorubá, em fins do século XVIII até quase metade do século XIX. Na África, Iemanjá é divindade das águas doces, cultuada à beira do Rio Ogum. No Brasil, o culto transferiu-se para o mar, visto que rios e cachoeiras foram atribuídos a Oxum.”
“A sincretização ocorre de maneira diversificada ao longo do território brasileiro, já que cada região cultua Nossa Senhora de uma maneira particular (em São Paulo e no Recife, por exemplo, Iemanjá foi fortemente associada à Nossa Senhora da Conceição e, por isso, é homenageada em 8 de dezembro). Em Salvador, ela é ligada à Nossa Senhora das Candeias, celebrada em 2 de fevereiro. Daí a festa mais antiga em louvor a Iemanjá no Brasil ocorrer justamente nessa data. Esta cerimônia encerra um ciclo de celebrações que começa em 4 de dezembro com a Festa de Iansã (sincretizada com Santa Barbara), seguida por Oxum em 8 de dezembro (associada à Nossa Senhora Conceição).”
“O nome Iemanjá (Yeye omo ejá, mãe dos filhos peixes) nos conduz à função materna e também como divindade protetora da pesca. Mas ela também aparece como guerreira e amante em outros mitos. No Brasil, ganhou a posição de grande mãe, perdendo as demais características, principalmente por conta de seu sincretismo com a Virgem Maria.”
“A religião dos orixás ensina que cada pessoa pertence a uma divindade do panteão sagrado, de quem herda características físicas e de personalidade. Para descobrir esse pertencimento, consulta-se o oráculo de jogo de búzios. Dentro dos terreiros, pertencer a este ou aquele orixá significa ter suas características principais. Sendo assim, os filhos de Iemanjá são maternais, possessivos, ciumentos, dadivosos e rancorosos. Também são econômicos por natureza, mas adoram presentear os outros. São ainda dedicados, objetivos e sabem se colocar dentro de uma hierarquia. Como amantes são por vezes frios, calculistas e pensam unicamente em si mesmos, principalmente quando seus desejos não são atendidos. No entanto, idealizam para si uma relação perfeita, harmoniosa, em que devem ser amados e cobram por isso.”
“Desde que ela passou a ser vista como rainha das águas do mar, iniciou-se também o culto nesse local. Ali, os devotos costumam entregar flores, presentes historicamente associados a uma forma de agradar ao feminino. Por isso, foram eleitas como um dos mimos preferidos de Iemanjá. ”
“Nos terreiros de candomblé, várias oferendas são destinadas a Iemanjá, como arroz branco cozido com leite de coco e milho branco de canjica coberto com camarões fritos no azeite de oliva. Isso sem falar de champanhe, pentes, perfumes e bonecas — já que ela também é conhecida pela vaidade e por estar intimamente ligada ao universo feminino. Originalmente, Iemanjá, assim como outras divindades, carregavam conchas de madrepérola que eram usadas para refletir a luz do sol e cegar seus inimigos. No Brasil, isso foi substituído pelo espelho, retratando mais uma das adaptações feitas por aqui.”
Fonte: globo.com